terça-feira, 25 de agosto de 2009

A Olimpíada dos sonhos, o sonho da Olimpíada

Não conheço no poder público quem não seja a favor da realização dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.

Desde o Presidente da República, passando pelo Governador e o Prefeito da cidade, chegando até aos garis da Comlurb, todos estão irmanados nesta "corrente pra frente", que poderá coroar a "cidade maravilhosa" com a realização de um dos dois maiores eventos esportivos do mundo (o outro é a Copa, que já vai torrar alguns milhões do contribuinte brasileiro em 2014).

Vamos pensar...o Rio de Janeiro quer sediar uma Olimpíada. Ok.

Como será isso?

Durante o evento, a cidade aproveitará para mostrar ao mundo o seu sistema de transportes que foi totalmente reformado durante a década de 1990, não é? Nada de engarrafamentos, nada de caos no trânsito.

Junto a isso, enquanto passeia nos trens refrigerados do Metrô que levam confortavelmente, sem aperto, sem filas, sem atrasos, o cidadão para qualquer canto da cidade durante 24 horas por dia, o visitante poderá ver os alunos do sistema educacional público, todos estudando em tempo integral e com vaga garantida nas universidades federais, não por causa de um estúpido sistema de cotas, mas porque a qualidade do ensino estadual e municipal são tão bons, que faltam vagas e os alunos de pior desempenho são obrigados ir para o ensino privado, que cobra preços irrisórios, já que todo mundo só quer estudar nas escolas públicas.

O turista poderá ainda observar a conservação impecável das ruas da cidade, o asfalto liso, as ruas limpas e sempre muito bem conservadas, sem lâmpadas apagadas à noite ou acesas durante o dia, em um anti-ecológico desperdício de dinheiro.

Verá que na cidade, não existem moleques de rua e muito menos mendigos defecando nas calçadas, tomando banho em chafarizes e morando debaixo das marquises.

Com certeza um atleta estrangeiro se impressionará com o sucesso que o Rio de Janeiro teve em remover as favelas que emporcalhavam o visual da cidade, encubavam o crime e destruíam o meio ambiente.

Ficarão maravilhados ao ver as encostas reflorestadas e ao saber que aquelas pessoas que ali viviam estão alocadas em casas populares, dignas e com acesso a transporte público e demais serviços, situadas em locais aonde eles possam pagar e morar.

Se algum atleta, membro da equipe do COI ou mesmo turista tiver algum problema de saúde, vai se espantar ao saber que no Brasil os hospitais públicos atendem com humanidade, rapidez e eficiência de dar inveja às instituições privadas de seus países e que todo cidadão brasileiro é atendido em postos de saúde aonde não faltam remédios, médicos e marca-se consultar para no máximo dali a duas semanas, seja qual for a especialidade.

Será matéria nos principais jornais e revistas do mundo a cordialidade, a civilidade e a honestidade com que a polícia carioca demonstra no trato com as pessoas, a forma como conseguiram diminuir a níveis aceitáveis os roubos a transeuntes, furtos, assaltos, assassinatos e outros crimes dos quais a cidade padeceu por tanto tempo.

O Rio mostrará porque é um exemplo para o mundo.

Além de tudo isso, a despoluição da Baía de Guanabara e dos sistemas de rios e lagoas, que ao contrário do que era de se esperar em se tratando de Brasil, foi feito sem desvios de verbas, sem atrasos nos cronogramas e de forma que o resultado final ficasse não pior e nem igual, mas ainda melhor do que as maquetes e peças de computação gráfica mostravam antes das obras.

O Rio de Janeiro já tinha provado isso durante os Jogos Pan Americanos de 2007.

Ao invés de jogar essência perfumada nos rios podres da Barra da Tijuca, ao invés de pintar uma ridícula faixa laranja criando uma pista seletiva de trânsito para delegações e demais envolvidos com os jogos pelas ruas da cidade, ao invés de apresentar instalações inacabadas com tapumes e estruturas tubulares onde deveria existir concreto armado, o Rio de Janeiro deixou de legado para a cidade linhas de metrô, estádios e arenas concluídas e que ao invés de serem abandonadas às traças ao final da competição, hoje são utililizadas para formar novos atletas e educar a juventude.

O "Pan" organizado por Lula e César Maia é um exemplo de como o brasileiro pode ser competente e cuidadoso com o dinheiro público.

Carros de polícia e demais veículos comprados para os jogos não foram abandonados em pátios, sujeitos à degradação. Obras que custariam "X", não foram (mal) concluídas gastando-se "X vezes 100", nada disso, o Rio de Janeiro deu exemplo!

Nada mais justo agora do que "aplicar" mais recursos de um país rico e desenvolvido como o Brasil e de uma cidade que é modelo de organização, administração e qualidade de vida como é o Rio de Janeiro na organização de um bilionário evento esportivo, que deixará de legado...hum...tudo que o "Pan" deixou, além é claro de um papagaio de dívidas para pagar ainda maior.

Pena que estou sendo irônico, pena que o Rio de Janeiro não é assim, pena que o poder público brasileiro só possa ser retratado como exemplo de eficiência e probidade se for em tom de galhofa.

Organizar uma Olimpíada no Rio de Janeiro ou qualquer outro lugar do Brasil é como querer fazer um baile de máscaras numa choupana no meio do mato. É mais ou menos como colocar janelas blindex em casa de sapê. Não combina, não pode, não dá certo e não engana nem quem é trouxa.

O Brasil, o Rio de Janeiro ou qualquer outra cidade do país não tem a menor condição de organizar um evento desta magnitude, principalmente porque falham em dar o básico do básico, que é qualidade de vida, a quem mais importa nisso tudo: seus habitantes.

E isto, até os camelôs que infestam as calçadas cariocas e certamente venderiam toneladas de produtos piratas da Rio 2016 sabem.

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