quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Porquê José Serra

Ainda lembro a eleição de 2002. O Brasil clamava por mudança, mas não uma mudança qualquer, desgovernada, e sim uma mudança que levasse à toda população os benefícios que a estabilidade econômica proporcionou à economia.

Naquele ano, o então candidato oposicionista Luiz Inácio Lula da Silva - ainda longe de ser alçado à atual condição de semi-deus que faz verter das torneiras mel e leite - inspirava e amedrontava ao mesmo tempo. A ânsia por "mudança" vinha de mãos dadas com o medo da "radicalização". O seu partido apresentou a "Carta ao Povo Brasileiro", na qual acalmava temores e assegurava que as bases da economia do país seriam mantidas e o marqueteiro Duda Mendonça criou o personagem "Lulinha Paz e Amor", que transformou o raivoso metalúrgico do ABC em candidato imbatível.

Lula venceu e a utopia deu lugar à realidade da tarefa de governar um país, veio o mensalão, vieram os aloprados, ocorreu todo o aparelhamento da máquina pública, as alianças com Renan Calheiros, José Sarney e Fernando Collor, a ideologização do Ministério das Relações Exteriores, enfim, tudo o que levanta críticas dos não batizados no petismo.

Mas houve uma coisa que, a despeito da vontade dos radicais petistas, ficou inalterada: a política econômica que tirou o Brasil de taxas de inflação zimbabuanas.

O governo Fernando Henrique realizou - dentre tantas - a privatização das empresas de telefonia e assim uma linha telefônica deixou de ser jóia disputada a tapas - e deixada como herança - para ser um direito de todo cidadão. Bancos estaduais - antros de gastança - foram vendidos, a Lei de Responsabilidade Fiscal foi aprovada e as bases para um desenvolvimento sustentável foram deixadas.

Lula herdou um país pior do que aquele que vai deixar ao seu sucessor, assim como Fernando Henrique herdou um país pior das mãos do presidente Itamar. Simplesmente porque o Brasil atual, essa construção de muitas mãos que remete a Tancredo Neves - que arquitetou a democracia que vivemos hoje junto com outros tantos e que o petismo combateu por não ser "um dos seus" - não é obra de uma pessoa só, como a mentirosa propaganda lulo-petista quer fazer parecer.


E se houve algo em que Lula acertou, foi exatamente em não subverter esta obra tão trabalhosa, mas ao invés disso aprofundar a experiência do Plano Real e fazer aquilo que era a vontade do eleitor em 2002: distribuir renda, tirar pessoas da pobreza e criar bases para uma nova sociedade brasileira.

Ele realizou a mudança com a direção necessária e foi sábio ao contrariar tudo o que a cartilha petista sempre pregou, ou seja, calote no FMI, reversão das privatizações, flexibilização dos gastos públicos e todas aquelas receitas esquerdóides que se mostram trágicas por onde quer que sejam implantadas, e está aí a Venezuela para não me deixar mentir.

Hoje o Brasil pede continuidade. O Brasil não quer que os avanços resultados do trabalho árduo sejam postos a perder e é por isso que o Brasil merece que José Serra seja eleito seu presidente.

O que as pessoas precisam ter em mente é que o radicalismo petista não morreu. É que o partido é incorrigível, nunca achando erro algum em suas ações, por mais nefastas que sejam. A presença de personas como José Dirceu e Antônio Palocci na campanha da candidata de Lula, essa obscura criatura eleitoral chamada Dilma Rousseff, são a maior prova disto.

Caso este atentado, esta ameaça à República seja colocada na cadeira presidencial, o que acontecerá é que Lula - que por ser muito maior do que o PT consegue domar seu apetite pantraguélico - voltará para casa no dia 1º de Janeiro e o que sobrará no Planalto será esta senhora despreparada, claudicante e inepta, junto com todos aqueles mensaleiros e radicais que não foram afastados do partido.

Toda essa gente que acha bonito coisas como controle da impresa, comitês da verdade, aparelhamento do poder público, pelegagem, invasões do MST, amizade com as FARC, simpatia a regimes autoritários como os do Irã, da Venezuela, do Sudão, entre outros, estará ali, ao lado de uma personagem inventada por Lula, mas sem um décimo da força de Lula, a ser dominada pelo Partido que somente Lula consegue domesticar.

De outro lado desta história temos um homem que foi senador, prefeito da maior cidade do país, governador do estado mais rico da Federação e que, entre erros e acertos, tem a capacidade para dar ao país neste momento o que ele deseja, que é a continuidade do ciclo de crescimento, uma revolução na educação e na saúde e, principalmente, a manutenção da normalidade democrática.

Não existe democracia possível onde projetos de 20, 30 anos de poder estejam sendo engendrados em porões da mais reles ideologia. Não existe democracia sem oposição livre, imprensa atuante - sem receber mesada de estatais para fazer propaganda oficial disfarçada - e principalmente, sem alternância de poder.

O que só Lula era capaz de fornecer ao Brasil em 2002, que era mudança com direção, só José Serra é capaz de oferecer hoje, que é continuidade com avanços, liberdade e democracia.

Não me interessa o passado da Sra Dilma Rousseff, mesmo porque ela não tem algum que mereça destaque (a não ser negativo), não me interessa o que aconteceu no Brasil até ontem, porque é a partir de amanhã que todos teremos que viver e conviver com as decisões que tomarmos hoje.

Não espero perfeição, não espero o paraíso, mesmo porque quem é brasileiro pelo menos há mais de uma década já sabe que isso não é uma realidade para nós, mas quero um governo que entre acertos e erros, jamais tente calar aqueles que apontam seus erros, aqueles que criticam, que jamais demonize seus adversários e nunca tente infantilizar o nosso povo.

Não precisamos de "pai" e nem de "mãe" da nação, precisamos de um Presidente da República, ciente de suas obrigações e que acima de tudo, respeite os limites da democracia.

E é por isto, pelo futuro, pela democracia e pelo Brasil que conhecemos até hoje - com todas as suas imperfeições, porém livre - que desejo profundamente que José Serra seja eleito nosso 36º presidente e peço aos que me lêem - poucos, alguns ou muitos, não importa - que se juntem a mim nesta reflexão.

Sim, aquele mote de campanha é verdadeiro: o Brasil pode mais.

7 comentários:

Isabel disse...

Não sei se o Serra será um bom presidente, mas tenho certeza de que a Dilma não será.
Parabéns pelo texto!
Beijos

Tatty disse...

Parabéns pelo texto, concordo plenamente com cada palavra dita. Parece que brasileiro não entende, será que é tão difícil compreender, já que é tudo tão evidente? Beijo.

Ana Maria Moderozo disse...

parabens pelo texto, tenho certesa que Serra será um exelente presidente, tem bagagens de dobra para tal cargo, e não precisa depindurar em ninguem...abraços

Thiago Chapine disse...

É, sinceramente a Dilma é d'entre as piores, a pior, e infelizmente ela pende à vitória, porém não podemos desistir... Serra acaba sendo a opção menos 'agressiva' ao nosso país!

Parabéns!

Tuka Siqueira disse...

Ando pensando em anular meu voto pela primeira vez. É uma opção radical, parece omissão, mas é um direito meu de não votar em ninguém em quem eu não acredite. Ainda não bati o martelo nesta questão, mas estou pendendo pra isso...

téia disse...

Parabens !
É um momento tão importante e perigoso , que ou tomamos posições
ou teremos muito tempo prá nos arrependermos, porquê a turma que cerca a dilma já está dividindo os cargos , mamatas e tudo que foi construido pensando no futuro vai pelo ralo.
Que pena ...

André Luís disse...

Sim o Lula foi sábio em algumas coisas, e cometeu inúmeros erros, escolher esta replicante para sucede-lo foi um dos piores! O que virá após a posse da replicante? Nôs temos uma vaga ideia e ela é assustadora. José Serra também não é o melhor, mas é oque temos. Acredito que a escolha dos governadores e senadores, seja de suma importância neste momento. Mas enquanto nôs ficarmos pagando de vaga de presépio, não teremos direito de reclamar muito não.

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