Este título não foi uma tentativa de fazer um post arco-íris. Mesmo porque o fenômeno tem mais do que quatro cores e certamente bem menos cores do que o prisma do descaso público no Brasil pode nos oferecer. Tristes cores.
Escrevo isto porque passo quase todos os dias pelo bairro da Glória, no Rio de Janeiro. Neste bairro, histórico por sinal, existe uma espécie de mureta, a tal balaustrada que, acreditem, foi roubada sabe-se lá como.
Um pedaço de bronze, de uns 10 metros e pesando alguns milhares de quilos foi levado dali sem que ninguém soubesse como e nem para onde.
Isso aconteceu quando o prefeito-blogueiro Cesar Maia ainda ocupava a prefeitura do Rio de Janeiro. Fazem uns 3 ou 4 anos isso(confesso que não me recordo a data exata) e até hoje o buraco está lá.
A população tentou adaptar, colocando uma cerca de madeira para que ninguém caísse ao passar por ali, mas esta foi a maior e única intervenção que o local sofreu em todos estes anos, desde o roubo.
Nesta mesma rua, o prefeito que eu considero um dos mais incompetentes que já teve o Rio de Janeiro, iniciou uma obra interessante: num pedaço de rua já afetado por engarrafamentos, ele estreitou as pistas de 4 para duas. meteu a picareta nas calçadas e deixou os tapumes ali.
Como a obra ficou? Não sei. Ele saiu do poder sem termina-la e, ao que parece, o novo prefeito Eduardo Paes está mais ocupado com outras tarefas como...não sei também.
Daí, a realidade da Glória é esta: onde tinha uma balaustrada histórica, existe um vazio. Onde deveria haver uma rua, existe um canteiro de obras abandonado.
Porque conto isto? Simples, e finalmente posso chegar na parte do arco-iris.
César Maia adorava a cor laranja. Toda a comunicação visual da prefeitura tinha esta cor e aquele aspecto de pastelaria de chinês. Literalmente tudo, até um letreiro gigante e horroroso bem em cima da sede da prefeitura, o conhecido "Piranhão".
Pois bem, em nove meses de governo, o atual prefeito Eduardo Paes já trocou a cor de quase todos os imóveis, placas e carros da prefeitura para a cor de sua escolha: o azul.
Tudo bem, aprovo mais o gosto do atual prefeito do que o do antigo, mas este não é o ponto.
O ponto é: em nove meses houve tempo, verba e "vontade política" para colorir tudo de azul, mas não para recolocar a balaustrada roubada da Glória e nem terminar aquela obra.
Lembra muito o tempo que morei em Nova Friburgo, no interior do Estado do Rio, onde os grupos políticos que usavam as cores verde e vermelho se alternavam no poder e pintavam meios-fio, postes, bancos, tudo, com as suas cores, mas as mazelas reais da cidade ficavam para lá.
Você que me lê deve conhecer casos parecidos, onde a saúde precária, o ensino medíocre, as ruas esburacadas, praças mal cuidadas, ruas cheias de mendigos, trânsito caótico, tudo isso fica em segundo plano e o que parece importar mesmo para "suas excelências" é que possam "mijar" para marcar território o quanto antes, ao invés de se dedicarem a resolver os problemas para os quais foram eleitos para resolver.
Importante mesmo é o laranja, o azul, o verde, o vermelho.
E enquanto isso, a coisa fica preta pro nosso lado.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Laranja, azul, verde, vermelho
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