sexta-feira, 12 de março de 2010

Perdeu, preiboi.

"Priscila Pires leva 50 multas ao fugir de homens suspeitos"

Comecei o texto hoje com a manchete da notícia porque ela diz tudo. Cheguei até a comentar sobre isso aqui em outro post, que é mais fácil encontrarmos pardais, radares e ladrões do que policiais na rua.

Digamos que a Srta. Priscila e o jornalista tenham exagerado na conta e não foram 50 multas, mas umas 10.

O que sobra dessa história é o seguinte: o mesmo estado que se apressou em meter a mão no bolso da cidadã em questão, aplicando-lhe multas sucessivas, não serviu para protegê-la dos larápios que a perseguiam. Talvez por cortesia profissional, vai saber.

E como a ocorrência se deu em horário bancário, percebemos que mesmo à luz do dia a vagabundada sente-se livre para agir e que a polícia provavelmente estava se dedicando a outras tarefas bem mais importantes e úteis à sociedade do que perseguir ladrões e coibir crimes, como fazer blitzes para pegar quem está com o IPVA atrasado.


O impostômetro corre mais rápido do que o Usain Bolt, mas enquanto isso o "direitômetro" ou, sei lá, o "serviçômetro" ainda nem existem, por falta do que contar.

As blitzes da Lei Seca, por exemplo, só são tão regulares e bem aplicadas porque geram multas de R$ 900,00 fora o dinheirinho do reboque e do depósito de veículos. Sem contar que eles aproveitam o ensejo para verificar IPVA e multas não pagas, ou seja, beber e dirigir é só um detalhe, o que importa mesmo é o sujeito oculto de toda essa ação, aliás, a "sujeita", muito conhecida por "Dona Arrecadação".

Lógico que beber e dirigir é coisa de irresponsáveis, mas não se iludam, amigos: eles não se importam nem um pouco com você, a única parte do seu corpo que é cara ao governo é seu bolso.

Essa história da Priscila Pires é só mais uma das tantas em que o cidadão quando mais precisa da proteção do estado que ele sustenta, encontra-se diante de todo o tipo de bandidagem possível, desde a propriamente dita até a oficial.

No final de tudo, ela teve que se livrar sozinha dos ladrões, a polícia não prestou pra nada e o único assaltante que se deu bem foi ele, o governo, que vai embolsar o dinheiro das multas aplicadas.

De um jeito ou de outro, o indivíduo vai ouvir aquele aviso no fim "perdeu, preiboi".

6 comentários:

Isabel disse...

Excelente! Adorei o "cortesia profissional"! rss

Renata disse...

Post bacana! Eu não conhecia esse 'impostômetro', e ao analisar esses dados ficamos com a sensação de estarmos sendo lesados por um governo que só sabe extorquir o cidadão, mas negligencia seus direitos mais básicos, como no caso supracitado, a segurança.

Vagner disse...

Lamentável! Enquanto a preocupação dos legisladores for com a posse de quem está preso em Brasilia. Dos magistrados em proteger-se. Dos governantes em trabalhar com denuncismo; nós viveremos nessa lama. Com mau emprego do dinheiro público, com prioridades mundanas, com aceleração de projetos por conveniência ou conivência. Sem moralismos: essa geração que está chegando pra votar não vai conseguir sentir a diferença de nada. Desde que eu comecei a votar com Brizola que é a mesma coisa. Só mudam as pessoas. Alguem tem alguma idéia diferente ou algo pra acrescentar? Eu não vejo solução 20 ou 30 anos pra frente.

Rinaldi disse...

primeiro post que discordo! não é por inação do governo que vamos sair desrespeitando leis e sendo irresponsaveis. apesar de tudo, o carro é uma maquina assassina de metal, e podia ter matado muita gente. Imagine se uma criança atravessa um desses farois vermelhos que ela passou, ou uma velhinha passa bem na frente do ônibus que ela cortou.

só por que há perigo, vamos sair assim, atropelando as leis? ok, então...

ela foi tão pessima cidadã quanto os supostos assaltantes.

e obs: se passou por 50 semaforos e tudo o mais, não tinha nenhum posto policial mais perto que a casa dela, não???

Raphael R Barbosa disse...

Queria que os governantes tivessem, em relação à saúde, habitação, segurança, etc., o mesmo afinco e a mesma dedicação que tem com a indústria de multas.

Carlos disse...

não poderia concordar mais. ótimo texto.
@casagrande_

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