segunda-feira, 5 de abril de 2010

Votar adianta?

Hoje fui pedir a transferência do meu local de votação no TRE-RJ. Morei em Jacarepaguá a vida toda e mudei para o Catete há poucos anos, e sempre tive preguiça de ir lá trocar isso.

Só que a última eleição municipal me ensinou uma amarga lição: distância aliada à um gigantesco engarrafamento pode acabar com seu dia. Sendo assim, resolvi facilitar o cumprimento do meu "dever cívico" e agora votarei na minha esquina. Bem melhor, né?

Mas essa história comezinha não é a razão de prender vocês aqui lendo minhas aventuras eleitorais, é só o tal "gancho" pra falar do assunto que realmente interessa.

Enquanto aguardava na fila do TRE, uma senhora puxou assunto comigo. Ela estava ali pra pagar umas 2 ou 3 multas eleitorais por não ter comparecido ou justificado ausência em pleitos anteriores e me disse uma coisa que, de tão chocado que fiquei, não consegui nem esboçar aquela reação-fake de simpatia: "Eu nunca vou votar, meu filho. Não tenho ânimo para ir lá escolher esses ladrões, prefiro que os outros decidam por mim".

Notem que o grifo é proposital. Ela prefere que alguém que ela nem conhece decida por ela quem vai mexer na política de impostos que afeta o seu bolso, que defina salários que afetarão os seus rendimentos, que decida qual escola vai receber verba ou não, se a violência deve ser combatida prioritariamente e de que forma, se a favelização é problema ou solução, aonde vai o asfalto, se políticos ladrões serão responsabilizados em Comissões de Ética, etc, etc, etc.

Mas aposto que ela (e/ou muitos que pensam igual a ela) não tiveram a menor preguiça de opinar e/ou votar em algum dos paredões do Big Brother Brasil.

Eu sei que a qualidade e o caráter da nossa classe política desestimula o cidadão honesto, que trabalha, que tem mais o que fazer da vida e não quer nenhuma boquinha a se envolver ou se interessar muito sobre esses assuntos.

Mas também sei que a política existe obrigatoriamente em qualquer sociedade e que a classe política estará presente independente de nossa vontade ou não.

Dessa forma, cada vez que uma pessoa comum, séria, limpa, desiste de se informar sobre a política, esse espaço deixado por ela obrigatoriamente será ocupado por algum pilantra, que não terá o menor pudor de utilizá-lo para lesar a totalidade da sociedade.

Saber quem é o deputado em quem você votou, saber o que os candidatos aos mais diversos cargos propõem, guardar promessas, optar por aquele que melhor representará os valores da ética e, principalmente, da democracia, é uma forma de participar e de influir sem precisar necessariamente envolver-se com máquinas partidárias.

A opção do avestruz, que enterra a cabeça num buraco e espera que os outros resolvam tudo por ele, além de idiota é perigosa, porque não se esqueça: se a sua cabeça estiver enterrada num buraco, provavelmente suas nádegas estarão apontando para cima, sujeitas a qualquer coisa que vier.

2 comentários:

Edwards Jr disse...

Olá, tudo bem?

Te sigo no twitter (alguém que conheço deve ter dado RT em algo seu e achei bacana) e gosto muito do que você escreve. Descobri seu blog hoje e, confesso, estou devorando os posts!
Parabéns pela qualidade dos textos!

Grande abraço,
Edwards Jr

Dani Ribeiro disse...

Ja te sigo no twitter a um bom tempo.
Tenho acompanhado seu blog, e parabéns, está muito bom.
Com relação ao post, eu te apoio em absolutamente tudo. Não consigo compreender como alguem pode deixar nas mãos dos outros uma coisa que é de suma importancia como a eleição. Não consigo compreender em que mundo essas pessoas vivem.
A politica é suja em sua maior parte, mas cabe a nós tentar mudar a situação.
O que aconteceria se a maioria das pessoas resolvessem fazer a mesma coisa?

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