Hoje fui pedir a transferência do meu local de votação no TRE-RJ. Morei em Jacarepaguá a vida toda e mudei para o Catete há poucos anos, e sempre tive preguiça de ir lá trocar isso.
Só que a última eleição municipal me ensinou uma amarga lição: distância aliada à um gigantesco engarrafamento pode acabar com seu dia. Sendo assim, resolvi facilitar o cumprimento do meu "dever cívico" e agora votarei na minha esquina. Bem melhor, né?
Mas essa história comezinha não é a razão de prender vocês aqui lendo minhas aventuras eleitorais, é só o tal "gancho" pra falar do assunto que realmente interessa.
Enquanto aguardava na fila do TRE, uma senhora puxou assunto comigo. Ela estava ali pra pagar umas 2 ou 3 multas eleitorais por não ter comparecido ou justificado ausência em pleitos anteriores e me disse uma coisa que, de tão chocado que fiquei, não consegui nem esboçar aquela reação-fake de simpatia: "Eu nunca vou votar, meu filho. Não tenho ânimo para ir lá escolher esses ladrões, prefiro que os outros decidam por mim".
Notem que o grifo é proposital. Ela prefere que alguém que ela nem conhece decida por ela quem vai mexer na política de impostos que afeta o seu bolso, que defina salários que afetarão os seus rendimentos, que decida qual escola vai receber verba ou não, se a violência deve ser combatida prioritariamente e de que forma, se a favelização é problema ou solução, aonde vai o asfalto, se políticos ladrões serão responsabilizados em Comissões de Ética, etc, etc, etc.
Mas aposto que ela (e/ou muitos que pensam igual a ela) não tiveram a menor preguiça de opinar e/ou votar em algum dos paredões do Big Brother Brasil.
Eu sei que a qualidade e o caráter da nossa classe política desestimula o cidadão honesto, que trabalha, que tem mais o que fazer da vida e não quer nenhuma boquinha a se envolver ou se interessar muito sobre esses assuntos.
Mas também sei que a política existe obrigatoriamente em qualquer sociedade e que a classe política estará presente independente de nossa vontade ou não.
Dessa forma, cada vez que uma pessoa comum, séria, limpa, desiste de se informar sobre a política, esse espaço deixado por ela obrigatoriamente será ocupado por algum pilantra, que não terá o menor pudor de utilizá-lo para lesar a totalidade da sociedade.
Saber quem é o deputado em quem você votou, saber o que os candidatos aos mais diversos cargos propõem, guardar promessas, optar por aquele que melhor representará os valores da ética e, principalmente, da democracia, é uma forma de participar e de influir sem precisar necessariamente envolver-se com máquinas partidárias.
A opção do avestruz, que enterra a cabeça num buraco e espera que os outros resolvam tudo por ele, além de idiota é perigosa, porque não se esqueça: se a sua cabeça estiver enterrada num buraco, provavelmente suas nádegas estarão apontando para cima, sujeitas a qualquer coisa que vier.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Votar adianta?
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2 comentários:
Olá, tudo bem?
Te sigo no twitter (alguém que conheço deve ter dado RT em algo seu e achei bacana) e gosto muito do que você escreve. Descobri seu blog hoje e, confesso, estou devorando os posts!
Parabéns pela qualidade dos textos!
Grande abraço,
Edwards Jr
Ja te sigo no twitter a um bom tempo.
Tenho acompanhado seu blog, e parabéns, está muito bom.
Com relação ao post, eu te apoio em absolutamente tudo. Não consigo compreender como alguem pode deixar nas mãos dos outros uma coisa que é de suma importancia como a eleição. Não consigo compreender em que mundo essas pessoas vivem.
A politica é suja em sua maior parte, mas cabe a nós tentar mudar a situação.
O que aconteceria se a maioria das pessoas resolvessem fazer a mesma coisa?
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