"69 Frango Assado de ladinho a gente gosta se tu não tá aguentando para um pouquinho tá ardendo assopra!"
"Mete, mete, mete até goza que eu to pegando fogo quero ver tu apagar tah ligado neh"
"Pras amantes eu mando assim óóóó o namorado é meeeeeeu quando voce tiver disposição Tu vai encontrar u seu"
"Turano mais bolado aê...Fundamento do CV(Comando Vermelho) É "fé em Deus", Colômbia é muita pureza É só relíquia, Bolado Pantera Negra Se liga então, 157 só boladão"
"Eu vou tocar uma siririca eu gozar na tua cara. Vai mamada Vai mamada"
"Piririn, piririn, piririn alguém ligou pra mim vai me enterrar na areia? Não, não vou atolar tô ficando atoladinha"
Pra você, o que são essas letras de "música" aí em cima? Grosserias? Erotização extrema? Mal gosto? Apologia ao crime? Lixo? Embuste musical? Cacofonia? Assassinato da última flor do Lácio?
Na minha opinião, sim. É tudo isso e mais um pouco. Arte e cultura é que não é.
Pode enumerar quantas expressões depreciativas conseguir, pra mim, todas se encaixam perfeitamente em relação ao funk.
Mas para a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro não. Para eles esse amontoado de grosserias e idiotices é cultura. Isso mesmo, cultura. Tanto, que tem deputado defendendo um tal "Dia Nacional do Funk".
Sugiro ao "nobre" deputado que neste dia, peça à sua esposa, mãe, irmãs e filhas, se tiver, que vistam-se com aquelas roupas que valorizam a dignidade da mulher, iguais as que são propagandeadas como "da moda" pelos artistas do funk, e dancem estas letras aí em cima, "rebolando até o chão".
O que é bom pra família dos outros, deveria ser bom para a do demagogo ordinário que, atrás de votos fáceis e apoio de equipes de som que faturam milhões por mês, e sobre as quais pairam até suspeitas de receber dinheiro do tráfico de drogas para realizar seus bailes, vem prejudicar o trabalho que a polícia estava fazendo ao coibir bailes que tinham ligação com criminalidade, desordem e desrespeito às normas mais básicas de civilidade.
A ALERJ aliás é um caso a parte. A Assembléia Legislativa do Rio tem entre seus membros dezenas de indivíduos que respondem aos mais variados tipos de processos, alguns já condenados e esperando recurso, outros réus, diversos indiciados e até gente que saiu do plenário direto para um presídio.
Não pode sair nada que preste mesmo de um lugar assim.
Existem as exceções, mas pobre deles, estão soterrados naquela embaixada da Chicago dos anos 30 em plena "cidade maravilhosa".
Os defensores do funk argumentam que o "samba também foi perseguido um dia".
Balela. Impostura.
Na época em que o samba foi perseguido, o era por ser "coisa de preto". Só. Em tempos de cota racial, movimentos afro, camisas "100% negro" e o escambau, é imbecilidade achar que o tal "preconceito" contra o funk tem algo a ver com algum contexto racial. Não tem.
As letras aí em cima, a "cena" que cerca os bailes, a tal sub-cultura que caracteriza o funk é que são manifestação cultural de quinta categoria, porcaria mesmo.
Comparar algo escrito por Cartola, Noel, Paulinho da Viola com letras do Bonde do Tigrão, Tati Quebra-Barraco e quejandos chega a ser digno de psiquiatria. Só mesmo uma mente disposta a distorcer a realidade à sua frente pode tecer tal paralelo.
Assim como as favelas, que a todo custo tentam empurrar como fato consumado para a sociedade, formadores de opinião, empresários que lucram com este universo do funk e demagogos de ocasião procuram dizer para quem ouve esse lixo o seguinte: "isso que você está ouvindo é cultura, entendeu? Esqueça os palavrões, a erotização da infância, a degeneração moral, a falta de respeito com a mulher, a apologia ao crime, o assassinato da língua portuguesa, esqueça isso tudo e entenda: isso é cultura".
Favelas são uma ferida aberta nas grandes cidades brasileiras. Especialmente no Rio de Janeiro, onde todos os cidadãos sofrem com sua presença.
Destróem a mata atlântica, emporcalham a visão, favorecem a informalidade, a contravenção, a criminalidade e quase todo tipo de praga urbana que se conhece, desde camelôs, passando por flanelinhas, trombadinhas, Kombis, Vans, Milícias, bocas-de-fumo, tudo isso encontra caldo de cultura naquele ambiente degradado que são as favelas.
99% do povo que mora ali é gente boa, honesta e até mesmo por estes é que as favelas deveriam ser removidas.
O cidadão não deve morar onde quer e sim onde pode. É mole emporcalhar o final da Teixeira de Mello em Ipanema, não pagar impostos, jogar lixo lá de cima e achar que isso é um "direito".
Não é.
Deveriam ser removidos para bairros planos, planejados aonde houver espaço, com linhas de ônibus fartas e disponíveis 24 horas por dia e as árvores deveriam retornar àquelas encostas.
Isso sim seria solução e não essa palhaçada de "Favela-Bairro" ou de "PAC das Favelas". Fazer maquiagem e dar internet wi-fi para quem mora nesses lugares é o tipo de demagogia e gambiarra que as pessoas que dizem que funk é cultura fazem.
Não adianta me apresentar um caminhão de entulho e falar assim "está vendo este caminhão cheio de tulipas?".
Não são tulipas, são restos de obra. Não é cultura, é lixo.
Como sempre digo aqui, o que falta é educação, é fazer com que o cidadão possa estudar e ampliar seus horizontes. Se isso ocorresse, ele poderia até ouvir funk como galhofa, mas jamais acharia que isso acrescenta algo à sua vida e jamais entraria de cabeça nessa sub-cultura.
Mas a quem interessa um cidadão que conhece a diferença entre o Latino e Lamartine Babo? Certamente não interessa aos políticos que só sobrevivem porque este mesmo cidadão não sabe a diferença entre um escroque e uma "excelência".
É muito mais difícil contrariar a massa bestializada hoje, para que ela seja um contingente de cidadãos amanhã do que atirar pão e dar circo.
É o que faz quem defende que funk é cultura.
Políticos tem medo da impopularidade, outros artistas que não atuam nesta seara temem ser taxados de "elitistas" ou "preconceituosos" e o grande público em geral prefere ignorar, já que tirando aquelas moças e rapazes de classe média que querem bancar "do povão", ninguém ouve esta porcaria mesmo (menos quando é obrigado).
Não podemos proibir nada. Se palavrão fosse, por si só, passível de censura, o Costinha não teria feito um só show na vida e nem vendido nenhum disco. O problema não é esse.
Mas tapar o sol com a peneira é errado.
O problema é querer elevar isso a grau de "manifestação cultural", como se este amontoado de entulho fosse realmente um jardim de tulipas.
Onde houver associação com o tráfico deve ser proibido sim. Onde não respeitar as regras da convivência social, deve ser proibido sim. Tanto quanto se fizer apologia ao crime. E quando envolver menores de idade, quando favorecer a informalidade...
Quem quiser ouvir, que ouça. Desde que não peça meus ouvidos emprestados, pra mim tanto faz.
Mas não tente, jamais, sob hipótese alguma, me dizer que isto é arte, cultura ou que tem algum valor e muito menos comparar com samba, soul, jazz, rock, porque é forçar demais a barra.
James Brown, Michael Jackson, Billy Paul podem até sair do mesmo "tronco" musical, mas não tem nada a ver com MC Créu.
Nem a pau.
Deixo para o final uma letra de Noel, até para limpar a sujeira que eu coloquei lá em cima e para deixar um recado para aqueles que insistem nas comparações:
"No tribunal da minha consciência o teu crime não tem apelação debalde tu alegas inocência mas não terás minha absolvição..."
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Afinal, o que é o funk?
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9 comentários:
Mais um texto maraavilhoso!
Quando penso que mal pude dormir esta noite, porque os tiroteios nas favelas da Zona Sul rodeavam minha cabeça, tenho que concordar em gênero, número e grau com tudo que está escrito neste post.
Não acredito que as pessoas de bem, e que com certeza, são a maioria, gostem de morar nestes lugares, gostem de ver seus filhos em bailes funk e tampouco, serem aliciados por tudo que há de execrável na face da terra.
Concordo sim! Vamos dar aos cidadãos , condições de vida, minimamente com um direito Constitucional muito conhecido e que os nossos políticos adoram falar, mas só o clamam para si próprios e seus asseclas: "dignidade do ser humano".
Solução? Claro que existe! Vontade política? Nenhuma! Coragem para tomar atirtudes anti eleitoreiras? Nem pensar!
Largar as tetas da Nação? isso nunca!
Cara, concordo com você! Só vejo nessa tentativa de transformar essa "M" em movimento cultural, intenções mercenárias e eleitoreiras... Mas isso é explicável... É mais uma forma de engrupir o povão e, disfarçadamente, receber patrocínio da bandidagem q tá por trás desses políticos patifes... Não sou de fazer protestos violentos e/ou revolucionários, mas eu acho q enquanto as pessoas não se rebelarem de uma forma inteligente, estamos fadados a ver palhaçadas cada vez mais ridículas e vergonhosas nesses nossos parlamentos...
Que maravilhoso seu texto. Deveria ser publicado em jornais, revistas, poderia mandar até uma carta p/ o presidente e p/ a câmara. Tenho a absoluta certeza que nesse texto sobre o funk, você colocou tudo que está engasgado em muita gente nesse país. Parabéns!
Muito bom o texto e corajoso também. Em tempos de relativismo boçal, pós-moderno - na verdade pré-primata - funk vira arte e maconheiro categoria. Está mais que na hora mesmo dos conservadores, ou pessoas com coragem, sair do armário e combater esses propagadores de entulho amoral e vagabundo!
Chamar essas estrovengas de arte é fim da picada, é legitimar as letras que defendem o crime, o desmatelo das famílias, a gravidez precoce e a criança mutilada por traficantes!
Mais uma vez, parabéns!
Minha mãe acaba de chegar em casa, relatando que a área em que trabalha estava tomada de policiais, que queimaram um cara em um carro durante a madrugada, que ouviu tiroteios o dia todo.
E não venham me dizer que quem protagonizou essas cenas que assistimos ouvia Noel Rosa no seu chevette rebaixado...
Cultura é toda manifestação popular.Mas podemos chamar de cultura atitudes e maneirismos que degradam a sociedade?
Musicas que mencionam a decadência de uma parcela do povo?
No máximo, o funk deveria ser um aviso aos governantes, de que estamos em declínio.
E reconhecer isso como cultura, numa manobra baixa e eleitoreira, é o atestad o disso e a certidão de óbito do bom-senso.
Muito bem escrito,Marcos.
Abraços!
Lenny,
Você no fundo pensa como eu. Eu também acho que o funk é um sinal, uma mensagem que a sociedade envia dizendo que está doente.
É uma manifestação espontânea do povo, mas é uma manifestação de que algo está profundamente errado com este povo.
Daí a, para mim, ser impossível classificar como "cultura", senão como uma cultura que deva ser "curada" com educação.
Um abraço
Perfeito!
Nada mais a acrescentar... a não ser parabenizá-lo pela lucidez e equilíbrio.
Obrigada por nos brindar com esse maravilhoso post!
Estou maravilhada com o texto! Merece notoriedade nacional!
Faço questão de repassar a quem julgo que irá compreender, mas confesso que já estou meio cética em relação ao futuro da cultura brasileira.
Parabéns!
Um post realmente ingeligente e que tira a roupa dessa demagogia de que funk é cultura!
Parabéns!
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